segunda-feira, 21 de julho de 2008

De dentro pra fora

Escrevo em primeira pessoa, por algo que alguns podem chamar de egoísmo outros de romantismo tardio. Eu, particularmente, chamo de particularmente. Com a consciência de que um texto totalmente particular não pode sair bom ainda insisto em faze-lo. Explico que não pode sair bom porque o íntimo é sempre mais íntimo do que a gente imagina. Dentro do nosso universo particular desconhecemosque o atual é antigo, que os desejos são maldades, e que o superego tem mais é que ficar de boca fechada. Enfim, não dá pra se dizer, nem escrever exatamente o que se sente. Até porque o que a gente sente não é produzido com linguagem, por isso o que eu faço não é produzir nada, nem redigir. Eu sou uma tradutora. Embora inexperiente (e provavelmente sempre o serei) não passo de uma tradutora. Que tem uma forma de expressão dentro de si e que insiste em querer transpassar isso para o que chamamos de língua portuguesa. Isso é tentar traduzir. O que ninguém vê é que cada um tem seu linguajar próprio, seu dialeto que só você entende. O mesmo eu garanto que é composto de pensamentos, cheio de poesias e principalmente: lotado de contradições. É por isso que ninguém sabve exatamente do seu particular, porque apesar de uma unidade, todo mundo é completamente estilhaçado. Somos todos mosaicos. Então mesmo correndo o risco de fazer um texto individualista ou neo-romântico eu quero escrever em primeira pessoa, em particular. Não por falta de assunto, faz tanto tempo que não escrevo, há tanta coisa que tenho pra dizer, eu poderia ficar por horas aqui falando sobre feminismo, anarquia, preconceitos e as variadas formas que existemo de demonstrar ou de sentir amor. Sabe como é, eu observo muito. Eu sei do que eu sei. Acontece que a minha única forma de desabrochar está aqui, as pessoas sabem que têm uma forma de desabrochar em particular, uma forma de se mostrar, de poder definir seus mosaicos e percorrer entre os pedaços de si mesmos. Só que algumas escondem, por puro medo do que possam encontrar no fundo de suas próprias almas. Eu não. Eu liberto aqui pedaço por pedaço de mim. Pra chegar cada vez mais a fundo, pra saber com quem estou lidando toda vez que me olho no espelho.