quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Da série: Obrigada Deus, por ter me feito invisível

Hoje fui comer uma salada de frutas no restaurante do Cesumar. Ela vinha com leite condensado e cheia de chantily. Ao coloca-la (de forma nada sutil) sobre a mesa, metade do chantily caiu na mesa. Enquanto eu comia o resto da salada de frutas fui pegando e comendo o chantily caído com os dedos.

domingo, 15 de novembro de 2009

De tudo que é nego torto
Do mangue e do cais do porto
Ela já foi namorada
O seu corpo é dos errantes
Dos cegos, dos retirantes
É de quem não tem mais nada
Dá-se assim desde menina
Na garagem, na cantina
Atrás do tanque, no mato
É a rainha dos detentos
Das loucas, dos lazarentos
Dos moleques do internato
E também vai amiúde
Com os velhinhos sem saúde
E as viúvas sem porvir
Ela é um poço de bondade
E é por isso que a cidade
Vive sempre a repetir

Joga pedra na Geni
Joga pedra na Geni
Ela é feita pra apanhar
Ela é boa de cuspir
Ela dá pra qualquer um
Maldita Geni

Um dia surgiu, brilhante
Entre as nuvens, flutuante
Um enorme zepelim
Pairou sobre os edifícios
Abriu dois mil orifícios
Com dois mil canhões assim
A cidade apavorada
Se quedou paralisada
Pronta pra virar geléia
Mas do zepelim gigante
Desceu o seu comandante
Dizendo - Mudei de idéia
- Quando vi nesta cidade
- Tanto horror e iniqüidade
- Resolvi tudo explodir
- Mas posso evitar o drama
- Se aquela formosa dama
- Esta noite me servir

Essa dama era Geni
Mas não pode ser Geni
Ela é feita pra apanhar
Ela é boa de cuspir
Ela dá pra qualquer um
Maldita Geni

Mas de fato, logo ela
Tão coitada e tão singela
Cativara o forasteiro
O guerreiro tão vistoso
Tão temido e poderoso
Era dela, prisioneiro
Acontece que a donzela
- e isso era segredo dela
Também tinha seus caprichos
E a deitar com homem tão nobre
Tão cheirando a brilho e a cobre
Preferia amar com os bichos
Ao ouvir tal heresia
A cidade em romaria
Foi beijar a sua mão
O prefeito de joelhos
O bispo de olhos vermelhos
E o banqueiro com um milhão

Vai com ele, vai Geni
Vai com ele, vai Geni
Você pode nos salvar
Você vai nos redimir
Você dá pra qualquer um
Bendita Geni

Foram tantos os pedidos
Tão sinceros, tão sentidos
Que ela dominou seu asco
Nessa noite lancinante
Entregou-se a tal amante
Como quem dá-se ao carrasco
Ele fez tanta sujeira
Lambuzou-se a noite inteira
Até ficar saciado
E nem bem amanhecia
Partiu numa nuvem fria
Com seu zepelim prateado
Num suspiro aliviado
Ela se virou de lado
E tentou até sorrir
Mas logo raiou o dia
E a cidade em cantoria
Não deixou ela dormir

Joga pedra na Geni
Joga bosta na Geni
Ela é feita pra apanhar
Ela é boa de cuspir
Ela dá pra qualquer um
Maldita Geni

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Acho errado expôr as pessoas como farei agora. Mas é que preciso meique desabafar em algum canto.

Conheço uma miss. Sim, ela é miss. Modelo e tudo o mais. Cabelos lisos, loiros e brilhantes, olhos verdes, tudo no lugar, parece uma barbie. E pôs silicone nos seios.

Eu fiquei triste. Muito triste mesmo. Como pode, a pessoa que parece ter tudo, ser tudo (porque não mencionei, mas ela também é simpática, querida por todos e , com certeza, dinheiro é o que não falta), mas mesmo assim precisa se expôr a isso para se sentir bem consigo mesma, para se sentir feliz. Precisa de um retoque no corpo, já perfeito, para que possa se olhar no espelho e sorrir, completamente satisfeita. Eu fiquei triste.