sexta-feira, 13 de junho de 2008

Carência

Descobri no fundo a carência, sabe como é, estava tão escondida que eu nem me preocupei mais em tentar encontrá-la. Até que uma noite apareceu, assim como quem nada quer, quietinha e sem intenções de mudar nada ao meu redor. Porém lá estava ela e eu não podia ignorar - é pequena, mas é minha, é válida - então resolvi cuidar. Alimentei-a. Tão frágil no começo e depois de tantos chocolates começou a tomar forma. Foi até bonito vê-la crescer, como eu sei que ela não costuma fazê-lo e fazia tanto tempo que eu não a encontrava, fui cada vez alimentando mais, fazendo carinho, mas cuidando para ainda assim escondê-la. Mas há um momento em que ela fica grande demais e corre demais atrás de mim. Começa devagarzinho no meio da noite enquanto eu tento dormir, até que vai se alastrando, quando eu ví ela já estava passando dos limites. Queria ficar comigo sempre: Em cada texto que eu lia, cada madrugada na internet, cada refeição, cada jogo do Corinthians, chegou a pedir até para ir para a balada uma vez, mas eu não deixei. Alimentei-a tanto que em determinado momento começou a crescer por conta própria. Até que uma hora ou outra ela precisa sair e decompor-se em palavras. Só assim ela torna a assumir seu lugar secundário na minha vida aparecendo apenas em sonhos e datas comemorativas. E aqui está a minha carência estampada na tela do computador.

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