terça-feira, 3 de junho de 2008

Paradoxo

No fim quem te pede desculpas sou eu. Desculpas sim, no plural, porque o(s) meu(s) erro(s) são dois: O bom e o ruim. É isso que eu tenho aqui dentro e é isso que tanto me atrapalha. Não vejo mal algum em ser toda ruim, eu brincaria e jogaria fora quando bem entendesse, mas você nem ia se machucar pois já ia saber que eu era toda ruim mesmo. Eu fingiria ser verdade e você fingiria acreditar. Eu não deixaria as coisas durarem até um ponto em que é crucial: ou vai ou fica. Eu seria o tempo todo fria e faria tudo errado. Então você me odiaria e a recíproca seria verdadeira. Começaria e acabaria com você sabendo que eu era ruim. Delícia. Mas também seria incrível se eu fosse toda boa. Eu falaria sério e levaria as suas palavras a sério também, as quais provavelmente seriam sinceras, já que você saberia que eu era toda boazinha mesmo. Haveria uma sinceridade mágica em nossos olhares. Eu te daria a eternidade, a qual seria o tempo todo quente e toda nos conformes. Então você me amaria e a recíproca seria verdadeira. Começaria e acabaria com você sabendo que eu era boazinha. Lindo. Mas não, eu venho aqui te pedir desculpas porque não deu tudo errado, mas também não deu tudo certo. Eu não fui quente o tempo todo, nem fria o tempo todo: eu fui um choque térmico. Eu te conduzi pelo meu labirinto sendo que nem eu mesma sei como sair dele. Eu não fingi e nem fui sincera, eu fui loucamente complexa e perdida em minhas próprias idéias, meus próprios sentimentos, minhas próprias vontades. Eu aturei teus piores defeitos e não consegui conviver com aqueles pequenos vícios que ninguém nem nota. Eu nos deixei ir fundo demais no poço, eu cheguei naquele momento crucial. Eu dosei. Não sei porque dizem que é tão certo dosar. Aqui deu errado. Deu muito errado. Eu não fui boa, nem ruim. Eu não fui eu mesma, mas também não fui outra. Eu fui uma metamorfose ambulante, uma confusão andante, uma nômade que se perdeu em você, ao invés de deixar que nos encontrássemos um no outro. Eu me contradisse, eu te contradisse. Eu confundi mais do que expliquei. Isso sim é um bom motivo para pedir desculpas: nem por maldade, nem por bondade, mas sim por uma autenticidade que nem eu sei explicar, que eu nem sei se existe. Eu peço desculpas, no plural, por não ser cara nem coroa e sim a moeda que ainda está rolando pela sala.

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