sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Sou só, logo existo. Existo, logo sou só.

Você nasce sozinho. E nessa busca incontrolável que você cria querendo impressionar as outras centenas de sozinhos que te cercam você esquece dessa única pessoa que te acompanha a vida inteira. Você. Quem te faz feliz ou triste é você. Quem sente, quem pensa, quem faz, quem vai ou quem fica é só você. Não importa o que te digam e quantas vezes digam, não importa o que te fazem, a decisão final é sempre sua. A dificuldade que você tem em lidar consigo mesmo sempre será maior do que qualquer outra. Não há solidão mais óbvia do que a sua própria. Mas virou tão trágico ser sozinho que você sempre busca ter mais, possuir o que quer que seja pra te fazer companhia. Você passa a vida inteira sozinho. O problema é sentir isso. Você se desespera ao ver que está sozinho, quando no seu íntimo é você por sí só, não tem ninguém aí dentro, não tem nada aí dentro. Só existe você. Mas você esquece disso e se desespera para achar companhia, deve ser porque a sua própria companhia é complexa demais. Você prefere dedicar-se mais a saber da vida dos outros do que da sua própria, parece bem mais simples conhecer outra pessoa do que se autoconhecer, bem mais simples gostar de ter outra pessoa ao lado, do que de si mesmo. Você se desespera no silêncio para não ouvir o grito de quem quer ser lembrado, que vem lá de dentro. Você morre sozinho.

4 comentários:

Tatiana disse...

"U come in on ur own, and U leave on ur own, forget the lovers U've know and ur friends, on your own".

Mas dói pensar nisso, não?
As maiores verdades da vida são sempre dolorosas.

alinesalvadori disse...

No fundo pareceu uma biografia: se não a sua; a minha.

Anônimo disse...

Lindo, lindo mesmo. Teus posts me fazem pensar muito. Sobre a existência, e sobre o fato de estar-me sentindo tão só ultimamente. E tão feliz.

Walkyria Tavares disse...

'Quem foi que disse que é impossivel ser feliz sozinho?'